O extintor de incêndio é um equipamento essencial para a segurança em qualquer ambiente, seja em casa, no trabalho ou em áreas públicas. Ele é projetado para conter ou apagar pequenos focos de fogo antes que se espalhem, evitando danos maiores e protegendo vidas. No entanto, o contato com o conteúdo liberado pelo extintor pode gerar dúvidas, especialmente sobre os riscos à saúde. Entender os possíveis efeitos e como evitá-los é fundamental para utilizar o equipamento de forma segura.

Como funciona um extintor de incêndio

Os extintores armazenam substâncias específicas para combater diferentes tipos de incêndio. Quando acionado, o equipamento libera seu agente extintor sob pressão, cobrindo a área atingida pelo fogo. Existem quatro tipos principais:

  • Extintor de água pressurizada – indicado para incêndios de classe A (materiais sólidos como papel, madeira e tecidos).
  • Extintor de CO₂ (dióxido de carbono) – ideal para incêndios de classe B e C (líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos).
  • Extintor de pó químico seco – utilizado em incêndios de classe B e C, e em alguns casos de classe A.
  • Extintor de espuma mecânica – usado para combater incêndios envolvendo líquidos inflamáveis.

Cada tipo possui características próprias e, consequentemente, riscos diferentes para a saúde.

Riscos do contato com o agente extintor

O uso do extintor, embora essencial, pode expor as pessoas a substâncias que provocam desconfortos temporários ou até complicações mais sérias, dependendo do agente.

Pó químico seco

O pó químico, geralmente à base de fosfato monoamônico ou bicarbonato de sódio, pode causar:

  • Irritação nas vias respiratórias
  • Tosse e espirros
  • Olhos lacrimejando e ardência
  • Irritação na pele em casos de contato prolongado

A inalação em excesso, especialmente em ambientes fechados, pode agravar sintomas em pessoas com asma ou problemas respiratórios crônicos.

Dióxido de carbono (CO₂)

O CO₂ não é tóxico, mas desloca o oxigênio do ar. Em locais pouco ventilados, isso pode causar:

  • Tontura
  • Falta de ar
  • Dor de cabeça
  • Desmaios, em casos mais graves

Apesar de ser considerado seguro em uso rápido e controlado, o risco aumenta se a descarga for feita em espaços muito pequenos.

Espuma mecânica

A espuma contém aditivos químicos que, em contato com pele ou olhos, podem provocar irritação. O risco de inalação é menor que no pó químico, mas ainda existe desconforto se usado sem ventilação adequada.

Água pressurizada

A água em si não apresenta risco químico, mas o jato pressurizado pode causar lesões em caso de uso incorreto. Além disso, se a água estiver misturada a aditivos, pode haver irritação leve.

O que acontece se respirar o conteúdo do extintor

A reação do corpo ao respirar o agente extintor depende do tipo de substância. No caso do pó químico, pequenas quantidades geralmente causam apenas irritação e tosse. Em exposição intensa, pode haver:

  • Sensação de sufocamento
  • Irritação prolongada na garganta
  • Crises asmáticas em pessoas sensíveis

Com o CO₂, a maior preocupação é a redução do oxigênio no ambiente. Mesmo sem cheiro ou gosto, a falta de oxigênio pode levar à perda de consciência rapidamente.

Primeiros socorros em caso de exposição

Se houver contato ou inalação do conteúdo do extintor, é importante agir rápido:

  • Inalação: sair para um local arejado imediatamente. Respirar normalmente até os sintomas passarem.
  • Contato com os olhos: lavar com água corrente por, no mínimo, 15 minutos.
  • Contato com a pele: remover a substância com água e sabão neutro.
  • Persistência dos sintomas: procurar atendimento médico.

Em casos de desmaio ou dificuldade respiratória, o socorro deve ser imediato.

Como minimizar riscos durante o uso

A segurança ao usar o extintor envolve tanto o conhecimento técnico quanto cuidados pessoais:

  • Manter distância segura do foco do incêndio
  • Usar o equipamento apontando o jato na base do fogo
  • Evitar direcionar o jato contra pessoas ou animais
  • Garantir que o ambiente esteja ventilado, principalmente ao usar CO₂ ou pó químico
  • Utilizar máscara ou pano no rosto, se possível, para reduzir inalação

Situações em que o uso pode ser mais perigoso

Certos contextos aumentam o risco de efeitos à saúde. Por exemplo:

  • Ambientes pequenos e fechados
  • Presença de pessoas com problemas respiratórios
  • Falta de ventilação natural ou mecânica
  • Uso prolongado do extintor

Nestes casos, a evacuação rápida é fundamental.

Importância do treinamento

O manuseio correto do extintor não é apenas questão de segurança contra incêndios, mas também de proteção à saúde. Treinamentos regulares ensinam:

  • Identificar o tipo certo de extintor para cada classe de incêndio
  • Usar a técnica correta para evitar desperdício e riscos
  • Controlar a exposição ao agente extintor
  • Entender quando é seguro combater o fogo e quando evacuar

Empresas, condomínios e escolas devem oferecer treinamentos periódicos para todos que frequentam o local.

Extintor vencido e riscos adicionais

Extintores fora do prazo de validade ou com manutenção atrasada podem apresentar vazamentos e mau funcionamento. Além de comprometer a eficácia no combate ao fogo, isso pode aumentar a exposição desnecessária a agentes químicos.

De acordo com normas técnicas brasileiras, como a NBR 12962 e NBR 13485, é obrigatória a inspeção regular e a recarga do equipamento. Ignorar essa manutenção coloca em risco tanto a segurança contra incêndios quanto a saúde dos usuários.

O uso controlado é seguro

Apesar dos riscos mencionados, o extintor é seguro quando utilizado corretamente e por pouco tempo. A exposição breve e em local ventilado dificilmente provoca problemas sérios. A maioria dos casos de mal-estar acontece quando há uso excessivo ou sem ventilação adequada.

A recomendação é sempre priorizar a integridade física. Se houver risco à saúde durante o combate ao fogo, o ideal é evacuar e acionar o corpo de bombeiros.

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